Doces Económicos e o Silêncio dos Dias Santos
Doces Económicos e o Silêncio dos Dias Santos
Hoje é 13 de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima. Um dia que pede recolhimento, silêncio doce e gratidão serena.
Por aqui trabalha-se no digital, é verdade — entre ecrãs e notificações — mas isso dá-me a dádiva rara de poder moldar os meus dias.
Sou mulher de antigamente, com alma de avental e coração de lenha acesa, mas com dedos que teclam no computador e olhos atentos ao telemóvel. Parece um contra-senso? Talvez… mas é o meu lugar no mundo.
Cozinhar, como escrever, é o meu sossego. A minha terapia. É quando bato ovos que as ideias assentam, e entre o raspar da laranja e o cheiro do azeite, a vida torna-se mais clara.
Hoje, num impulso doce e sem grandes planos, fiz Doces Económicos. Já os fiz milhentas vezes — dizia a minha avó Aurélia, com a sua sabedoria de forno e mão certeira:
“Filha, não é de receita... é de olho e coração.”
E assim foi. Peguei em meia dúzia de ovos, bati com açúcar até ficar em laço. Juntei a raspa e o sumo de uma laranja, um cálice de aguardente da boa, um copo de leite, um de azeite, bicarbonato e farinha quanto baste... e fé no resultado.
O forno aqueceu enquanto lá fora chovia, e eu, enroscada em mim, pensei que até podia acender o forno a lenha — mas a alma hoje pedia recolhimento.
Confesso-vos, até estou de dieta. Mas não resisto a um económico. É mais que um doce: é um abraço da infância, uma memória viva da cozinha da avó, uma pausa merecida no fim do dia.
Este blogue nasceu disso mesmo: da necessidade de guardar. Guardar os sabores, os gestos, as histórias. Para que não se percam, para que se celebrem.
E a receita, perguntam vocês? Pois essa ficará para outro dia… hoje foi de olho, de instinto, de alma.
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